
Era o último dia, tudo estava indo na mais perfeita ordem, o cenário, as luzes, o som... Tudo perfeito. Anne sentou-se em frente ao espelho e começou seu processo de transformação, com o mesmo esmero da estreia, há sete anos. Sentiu as pernas tremerem e o calafrio que sempre a tomava antes de pisar ao palco. Então, as cortinas se abriram e as luzes a focaram, dando inicio ao espetáculo.
O teatro estava lotado como sempre, mas havia uma áurea que diferenciava das outras apresentações. O monólogo falava da história de uma garota que havia se apaixonado pela ilusão de um homem que apenas tinha visto uma única vez e que fazia dele seu cento. Havia momentos em que a garota o culpava por existir e outros momentos que o transformava novamente em príncipe.
A peça seguia de forma plena, ora com momentos cómicos, ora com momentos tristes, sem que ninguém conseguisse desgrudar os olhos, até que as cortinas se fecharam e o espetáculo chegou ao final.
Todos aplaudiam de pé pela maestria da interpretação, então, as cortinas voltaram a abrir revelando assim Anne, que com os olhos marejados pelas lágrimas, que agradeceu os aplausos e disse algumas palavras: - “Encerro assim esse monólogo do amor unilateral vivido pela minha personagem, para iniciar uma outra fase da minha vida e carreira, onde o amor tem que ser vivido a dois”.
Fim
Alaiana Santos